quarta-feira, 29 de maio de 2013




liga.
exija minha presença numa tarde chuvosa.
fala essas besteiras exageradas de gente que gosta.
sinto falta de alguém pra sentir minha falta.


Eu tô cansada. 
Meu cansaço é de outros carnavais. Assim, logo de cara, se tu perdes o fio da meada eu já fui embora. Certas dores são repetidas, certas dores já bateram tanto na minha cabeça magoada, que já não é bom negócio relevar.


Seu azar é ter me encontrado com o coração previamente esquartejado.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Eles vêm com suas armas toscas, artilharia da banda podre.
O que é pobre de raiz tem luz pouca, imponência efêmera e mal consegue sustentar essa artilharia. O que é pobre de raiz se estica para derrubar, mas desmorona no meio do caminho e mostra, sem querer, sua base putrefata, aquela revestida de um cintilante vulgar que já pareceu luz linda, mas era uma tinta fútil.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Que os finais desistam de ter gosto de abismo. 
Que a ausência não seja minha morte.


domingo, 2 de setembro de 2012


    

    Em um dia primeiro atravessado você despejou da sua caçamba as suas culpas e dores no meu pátio como se fossem minhas, você me deu em um pacote mal embrulhado seu lado mais podre. Vi você definhado, ridículo, fraco, amarrado na sua gosma perversa, vi você sem minha projeção mental, sem sua fantasia de gente linda e iluminada, sem o amor que a gente inventou.
     Em um dia primeiro atravessado você chegou, atirou um pedaço seu em mim e mal viu que, ao virar as costas, foi perdendo todos outros pedaços, como um leproso.
     E eu que já pensei em amarrar as coisas, em uma costura nova em folha, eu que acreditei naquele lance piegas, e eu que dei minhas flores. Ainda bem que a lista das “dez mais” não me convenceu, ainda bem que você não aprendeu a fingir tão bem. Ainda bem.
     Você estagia meses na cabeça de um ser, e pelos gostos, pelas coisas de que ri, pelos amigos queridos e pelas trivialidades você começa a pintar um humanóide simpático dentro de si. Mas daí vem dor, dor e dor, e como o fulano lida com ela é que mostra de quê seus ossos são feitos. Alguns são feitos de poeira estelar, outros são feitos de nada, como a casa feita com muito esmero na rua dos bobos, nº0.

sábado, 1 de outubro de 2011

Seja Você (Assim Como Todo Mundo)


Você é educado e incentivado a criar a própria lógica, a desenvolver a própria sentença, a girar o próprio mundo na velocidade que lhe convém. Chegado o momento você sente nos ombros as mãos pesadas do desdizer, de repente já não se pode mais ser, não se pode mais desacreditar no que qualquer pobre cabeça acredita.
Todo fulano quer que você, então, seja como a massa, seja a massa, seja cinza e de crenças mal questionadas. Cria-se um movimento doloroso, agoniante e mudo (porque não se fala à quem não quer ouvir), cria-se a obrigação de estar com o corpo numa dança repetitiva e a alma no alto, como um balão de gás em uma corda: longe e diferente de tudo, querendo ser solto, ser vento.
Não preciso mastigar seu alimento espiritual.
Não preciso respirar sua verdade.
Não quero assistir meu corpo apodrecer por rejeitar essas inverdades que são entulhadas em mim.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vomito minhas inquietações nas suas mãos.
Lide com isso ou me dê as costas...

Malabares cansa. Sua vez, my friend.